Portugal é um dos países da União Europeia com maiores níveis de desigualdade de rendimento e património. Esta realidade tem raízes profundas e complexas, que vão desde a herança histórica até à forma como o sistema económico atual distribui (ou não) oportunidades. Apesar de progressos em alguns indicadores, as desigualdades mantêm-se persistentes e visíveis no dia a dia.
A rigidez do mercado laboral, a segmentação entre contratos permanentes e precários, e a concentração de riqueza em setores específicos são fatores que alimentam estas disparidades. A fiscalidade, embora progressiva em teoria, continua a beneficiar mais os rendimentos do capital do que os do trabalho. Além disso, o acesso desigual à educação e à formação cria barreiras à mobilidade social, especialmente nas zonas periféricas e rurais.
As consequências da desigualdade são múltiplas: afetam a coesão social, limitam o crescimento económico e aumentam o risco de exclusão de grupos vulneráveis. Uma sociedade desigual é também uma sociedade mais frágil, onde a confiança nas instituições se deteriora e o espaço para o extremismo cresce. Por isso, o combate à desigualdade deve ser uma prioridade de todas as políticas públicas.
Diversas propostas têm sido discutidas no espaço público: desde a reforma do sistema fiscal até à criação de mecanismos de redistribuição mais eficazes, como o reforço das prestações sociais ou o investimento em serviços públicos universais. O caminho para uma sociedade mais justa exige coragem política, visão estratégica e um compromisso sério com a justiça económica.